sexta-feira, 22 de março de 2013

Fuxico em Cordel


FUXICO EM CORDEL

YANE CORDEIRO
(CIA Criando Arte de Varjota – CE)


Nesse palco minha gente
Vim agora lhe contar
A história duns cumpades
Lá das banda do Ceará
O Miguelim e a Raimunda
Que só vivem a fofocar.

Vem entrando o Miguelim
Todo tropo e desengonçado
Conferindo o seu cheiro
Se perfumando que é danado
Pense num caboco faceiro
E mesmo assim malamanhado.

Miguelim:
Agora bonito
Me livrei da pudridão
tava era impregnada
Aquela catinga do cão
Tava fedendo a macaco
Matado e estendido no chão

O Cão é um bicho danado
Se não vem manda a ajuda
Foi só falar pra aparecer
A demônia carrancuda
Aquela língua de faca
A tal da Dona Raimunda.

-x-x-x-
Dona Raimunda aparece
Com sua roupa bonita
Sempre muito elegante
Com seu vestido de chita
E sua língua comprida
Que na vida dos outros palpita.

Raimunda:
Boa noite Miguelim
Que bom lhe encontrar
Mas eita que cheiro danado
Parece que vai namorar...
Quem é a mulher de hoje
Que está a lhe esperar?


Miguelim:
Escute aqui D. Raimunda
Não é o que pensando não
Um homem não pode mais
Nem caprichar na arrumação
Que a Senhora vem logo
Cheia das insinuação

Raimunda:
Aparecida é que tem sorte
De ter um marido tão caprichoso
Miguelim:
Raimunda vou lhe dizer
Sou um homem muito vaidoso
Gosto muito de me cuidar
E andar todo pomposo.

Raimunda:
E já que falei nela
Como anda a Aparecida
Andei ouvindo por ai
Que ela tava adoecida
Mas não lhe fiz uma visita
Pra ela num ficar aborrecida

Miguelim:
Ela bem melhor
Não tem porque se preocupar
Quando se sentiu mal
Foi logo se consultar
Foi pro posto bem cedo
E só de tarde foi chegar.

Ela conseguiu uma consulta
Com aquele novo dotô
Ele cuido foi muito bem dela
Que num instante milhorô
Parece que foi a espinhela
Que como serviço arriô.

Raimunda:
É aquele lá do posto
De que você falando?
Miguelim:
Aquele mesmo
O tal do Coriolano.
Raimunda:
Eu não gosto dele não
Tem cara é de malando...

Miguelim:
Deixe de ser maldosa
Que o rapaz é estudado
Entende de tudo um pouco
E é bem aparentado.
Cuidou foi bem da Aparecida
Que não mas torta dum lado.

Raimunda:
Pois se eu fosse o Senhor
Prestava mais atenção
Que muito mal contada
Essa tal situação
dotô curar espinhela caída
onde já se viu essa arrumação?

Miguelim:
O que é que a Senhora
querendo insinuar
Que a minha Aparecida
Não foi lá se consultar?
O que ela foi então
Fazer ontem por lá?

Raimunda:
Eu não dizendo nada
Que só falo o que sei
Mas quando ouvi a história
Eu logo desconfiei
É melhor ir lá pra investigar
Depois não diga que não avisei.

Miguelim:
Vou perguntar pra ela
Tudo bem explicadinho
Depois conto pra senhora
O que houve bem direitinho
Pra depois a senhora não sair
 Contando tudo do seu jeitinho.

-x-x-x-
A prosa deles se esticou
Falando de Deus e o mundo
Do Coronel e de sua filha
O Severino chamou de imundo
E no final da história ainda
falaram do finado Raimundo.

Miguelim:
Não há nada na cidade
Que lhe passe despercebido
Tudo que acontece
Cai logo no seu ouvido
E a menor fofoca que seja
Vira logo tititi e zumbindo.

Eu vou logo é embora
Procurar o que fazer
Pra nas suas confusão
A senhora não me meter
Fico com suas prosas,
Passar bem e inté mais vê...

Raimunda:
Mas tem gente nesse mundo
Que é muito desocupado
Me empaiando aqui na rua
E o serviço atrasado
Não pode me vê na rua
Vem contar fofoca do meu lado

Raimunda:
Vou logo é me embora
Nas minhas coisas cuidar
que não sou igual ele
Não gosto de fofocar
Não falo mal de ninguém
Só faço mesmo é escutar.

-x- x-x-
Enquanto Raimunda
Ficava a fofocar
Seu Chico chegou do roçado
Com uma fome de lascar
E procurando Raimunda
Danou-se a Gritar
Marido de Raimunda: 
Raimunda cadê você
morto de fome
Bem na hora do comer
E que você some.
Raimunda correu gritando
Raimunda:
 Já indo homem.






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