domingo, 3 de março de 2013

Brincado de Cordel





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No tempo da minha infância
que no Sertão inda morava
meu avô, velho Selestino
Muita história me contava
eu muito sapeca e sabida
com muita atenção escutava

Um dia um causo eu ouvi
que me causou aflição
era uma história comprida
falando de assombração
De um caboco esquisito
que era parente do cão

Sentei perto do vovô
e ele veio perguntar
se eu queria ali
uma história escutar
eu disse logo que sim
e ele põe-se a contar

(...)

Nas ruas sempre desertas
nas noites enluaradas
pelas cidades pequenas
com fama de malassombradas
vagava o Currupião
com jeito de alma penada

Currupião era um homem
tropo, feio e desengonçado
com um andar esquisito
sempre muito apressado
quando passava de noite
os menino corria assustado

As senhoras nas calçadas
guardavam suas cadeiras
trancavam as portas e janelas
acabava-se a brincadeira
quando Currupião passava
só ficava mesmo a poeira

Ouvia dizer por ai
que ele era assombração
que veio direto do inferno
e era primo do cão
e quem falasse com ele
ficava com uma maldição

Perdia tudo que tinha
a fala o tato e a visão
ficava pra sempre prostado
não se levantava mais não
a família já podia chorar
e arrumar o caixão

(...)

Ele andava em silêncio
quase não pisava no chão
mas quando chegava perto
do dono da condenação
dava um pulo e gritava
te amaldiçoou cristão!

vovô contou essa parte
me dando susto danado
gritando no meu pédouvido
eu dei um pulo de lado
ele ficou só rindo
todo prosa e engraçado.

(...)

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